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Articuladores - Uma revisão


Max Pinto da Costa da Rocha  ( maxrocha@ufpa.br )
- Formado em Odontologia pela UFPa em 1985
- Pós Graduação a nível de Mestrado em Bauru-USP
- Professor da Disciplina de Prótese Fixa da Odontologia,UFPa
- Coordenador do Curso de Especialização em Prótese Dental da ABO-Pa


Fez-se uma revisão histórica do uso do articulador desde o seu surgimento e verificou-se uma evolução na sua construção e no seu emprego em odontologia. O articulador mostra-se como um instrumento auxiliar no tratamento dos casos de reabilitação oral. No entanto, verifica-se certas limitações e abusos no seu emprego. De modo geral o articulador semi-ajustável quando bem utilizado pode nos garantir bons resultados clínicos e laboratoriais.

Introdução

Os primeiros pesquisadores que perceberam a importância da anatomia e filosofia da ATM e dos movimentos mandibulares na oclusão, sentiram a necessidade de criar um aparelho que pudesse simular as ATMs, posicionar os modelos e reproduzir os movimentos mandibulares essenciais à uma oclusão satisfatória.

Assim surgiu o articulador, instrumento valioso para os protesista. Porém, não é um instrumento mágico e infalívei, sendo que as suas possibilidades dependem de quem o manuseia e trabalha.

O articulador é um instrumento mecânico que representa a articulação têmporo mandibular, a maxila e a mandíbula, na qual pode-se adaptar modelos que representam as duas arcadas. O articulador registra as relações inter-maxilares e reproduz os movimentos mandibulares de interesse protético.

Este trabalho tem o objetivo dar visão geral do articulador, no que diz respeito a sua evolução, importância e emprego dentro da odontologia.

Neste artigo não serão abordados detalhes técnicos para a utilização dos articuladores. Dar-se atenção à aspectos históricos e à descrição de sua evolução na literatura consultada.

Revisão da Literatura

GARIOT (14), em 1805, foi o primeiro dentista que articulou modelo superior e inferior, desenvolvendo um aparelho que consistia de dois ramos metálicos, nos quais os modelos podiam ser adaptados. Um parafuso na parte posterior do instrumento mantinha a dimensão vertical. Esse articulador possibilitava apenas um movimento arbitrário de abertura e fechamento.

EVAN (14,15), em 1840, apresentou um articulador capaz de reproduzir os movimentos de lateralidade da mandíbula. O seu instrumento apresentava a parte inferior móvel e a superior fixa (12).

BONWILL desenvolveu, em 1858, o primeiro articulador capaz de imitar alguns movimentos mandibulares excêntricos. Este foi considerado o primeiro articulador anatômico.

WALKER (15), em 1895, observou que na abertura bucal os côndilos se deslocavam para frente e para baixo, e assim um dispositivo chamado clinômetro foi criado para registrar os movimentos e um articulador para execução dos movimentos mandibulares conforme suas observações.

Em 1910, GYSI (5) inventou um articulador inédito, que possuía um dispositivo de guia incisal adaptada. Este instrumento era muito avançado para época, e apresentava como novidade a possibilidade de registros extra-orais; entretanto este articulador não foi bem aceito pelos profissionais da época, surgindo então o Gysi Simplex.

MONSON (16), em 1918, apresentou um articulador baseado na teoria esférica. Este conceito é derivado da idéia de Von Spee, na qual, explicava-se que os dentes inferiores moviam-se contra as superfícies dos dentes superiores seguindo a superfície externa de uma esfera de 10 cm de raio 11. Os movimentos reproduzidos por este articulador, não estão de acordo com as trajetórias produzidas pelos côndilos durante os movimentos da mandíbula.

HANAU (14), em 1922, idealizou um articulador semi-ajustável que reproduzia alguns movimentos mandibulares. Esse articulador permanece o mesmo até hoje, apenas a guia incisal universal foi introduzida há alguns anos.

BERGSTRON (15), em 1955, introduziu o conceito o conceito "arcon" na construção do seu articulador. Criava-se pela primeira vez um articulador que possuía as estruturas condilares ligadas ao ramo inferior.

STUART (13), em 1959, conceituou bem o problema ao afirmar que o articulador não é uma máquina mastigatória e nem a boca do paciente; é em primeiro lugar um instrumento de registro das relações craneo-dentais e maxilo-mandibulares, os eixos de rotação e as trajetórias destes eixos.

ASH,M, M, e RAMFJORD (1, 2), em 1985, comentam que o articulador é um instrumento mecânico para conectar os modelos das arcadas dentárias de pacientes, de forma que procedimentos diagnósticos e restauradores possam ser conduzidos sem a presença do paciente.

 

Classificação

O articulador, conforme muito autores, pode ser:

  • Articulador não-ajustável
  • Articulador semi-ajustável
  • Articulador totalmente ajustável

Articuladores não ajustáveis

Esse instrumento chamado "charneira" é considerado o mais simples dos articuladores .

Ele só permite o movimento de bisagra e fechamento arbitrário. Não é possível nele reproduzir os movimentos excêntricos da mandíbula.

Com este pequeno controle da oclusão, o dentista irá perder muito tempo ajustando as próteses no paciente até que essa fique livre de interferências.

Outra limitação é a impossibilidade do uso do arco facial, não tendo nenhum em odontologia restauradora ou em análise oclusal.

O uso deste tipo de articulador é o grande responsável pelos trabalhos protéticos com grandes interferências oclusais, que resultam em lesões para o sistema estomatognático do paciente.

 

Articuladores Semi-Ajustáveis

Estes aparelhos foram projetados para reproduzir alguns dos movimentos mandibulares, auxiliando no diagnóstico, plano de tratamento e confecção de prótese.

Estes articuladores permitem normalmente três tipos de ajuste:

  • a distância inter-condilar,
  • a inclinação condiliana e
  • o ângulo de bennet.

Os instrumento mais usados são: Dentatus, Hanau e o Whip-Mix.

No Brasil existem dois aparelhos similares ao Whip-Mix que são: Gnatus e Bio-Art.

O articulador possui algumas limitações, sendo sua maior deficiência o ajuste da trajetória da guia condílica, que está reduzida a uma linha reta.

Para minimizar os erros da técnica, o registro de mordida, registro protrusivo e de lateralidade deverão ser feitos perto da relação central. Portanto, tomando-se registro de mordidas dentro de um limite de mais ou menos 5mm a partir da relação central nos garantirão maior precisão.

 

WHIP-MIX

O articulador whip-mix é do tipo ARCON, abreviatura de Articulação Condilar.

Isso significa que os elementos condilares estão situados no ramo inferior do instrumento e os ramos são separáveis um do outro.

A distância inter-condilar é ajustável em três posições : pequena, média e grande. Essas medidas são obtidas utilizando o arco facial.

O instrumento possui duas mesas incisais: uma de plástico e outra de metal possibilitando a construção de guias incisais individuais para cada paciente

As guias condilares situam-se na parte superior do articulador

A guia horizontal controla o deslocamento para baixo do côndilo de balanceio quando ele se move em protrusão ou lateralidade. A guia lateral controla o deslocamento do côndilo de balanceio quando ele se move para baixo durante a lateralidade (Ângulo de Bennet).

Essas guias podem ser ajustadas dentro de médias pré determinadas: na lateral usa-se 15 graus e na horizontal 30 graus. Vale salientar que cada intervalo corresponde a 5 graus. As guias podem também ser ajustadas individualmente para cada paciente através de registros em cera.

Acompanha o articulador um arco facial de transferência arbitrária. Esse arco é facilmente adaptável ao paciente. Posiciona-se o mesmo através das olivas do arco dentro do meato auditivo externo e pede-se ao paciente que o segure pressionando as hastes laterais levemente para diante. A forquilha é posicionada na boca depois da peça nasal (Posicionador Nasion) ser colocada no seu lugar. Desse modo, o arco facial está pronto para ser levado ao articulador para montagem do modelo superior. O modelo inferior é montado através de registros oclusais do paciente tomados em cera.

 

DENTATUS e HANAU

Os articuladores Dentatus e Hanau são, provavelmente, os dois aparelhos "não arcon" mais populares.

As esferas condilares nesses aparelhos estão unidas entre si e localizadas no ramo superior. A graduação da trajetória codiliana pode ser ajustada liberando-se o disco situado na porção superior do instrumento. A inclinação lateral é ajustada nos pilares condilares.

Segundo POSSELT, utiliza-se 40 graus para a trajetória condilar horizontal e 20 graus para o ângulo de Bennet. O uso de registros em cera possibilita a individualização dessas trajetórias para cada paciente.

Esses articuladores, segundo DAWSON, permitem um travamento em relação cêntrica, tornando-se mais confiável durante o refinamento da oclusão do que os modelos Arcon.

 

Articuladores totalmente ajustáveis

O articulador totalmente ajustável é o instrumento mais sofisticado para a reprodução dos movimentos mandibulares.

Os registros são realizados com o uso de pantógrafos, que reproduzem graficamente os movimentos mandibulares mais importantes.

Alguns dos articuladores totalmente ajustáveis mais conhecidos são: Stuart, Denar, Ney e A.T. M.
Temos também o articulador T.T idealizado pelo Prof. Dr. Tadachi Tamaki.

Quando utilizados corretamente, esses articuladores permitem a confecção de próteses que vão se relacionar perfeitamente com o sistema mastigatório do paciente, sem criar interferência e permitindo um relacionamento inter-oclusal estável.

O seu uso é recomendável em casos de reabilitação oral total, tratamento em pacientes com disfunções da ATM e nas alterações da dimensão vertical. A maior desvantagem apresentada pelo articulador totalmente ajustável é o maior tempo necessário para o seu uso correto e o seu alto preço.

 

STUART

Entre seus acessórios encontramos um instrumento para traçados. A distância inter condilar é completamente ajustável e os deslocamentos laterais se ajustam mediante guias do movimento de Bennet. Esse articulador é um instrumento excepcionalmente forte e bem construído, sendo capaz de seguir exatamente qualquer trajetória mandibular, por mais minuciosa que seja.

 

NEY

Idealizado por Di Dietro, é um aparelho do tipo "arcon". Possui a distância inter-condilar completamente ajustável e as trajetórias condilianas intercambiáveis. Os registros são intra-bucais, realizados com moldeiras de acrílico e pasta zinco-enólica.

 

ATM

Utiliza a esteriografia para o registros das trajetórias condilianas. São utilizadas duas moldeiras, que são estabilizadas por uma esfera de oclusão. DAWSON comenta que esse articulador possui uma grande vantagem sobre os outros: todos os movimentos podem ser programados dentro das guias condilares.

Discussão

O articulador é um dos instrumentos mais importantes utilizados pelo dentista durante o tratamento de seus pacientes.

Ele é usado com três objetivos:

  • Estabelecimento de um correto diagnóstico de um caso clínico
  • Desenvolvimento de um tratamento eficiente e
  • Para a correta construção das prótese dentárias durante o tratamento.

 Estabelecer um diagnóstico correto não é fácil, pela complexidade que representa o sistema estomatognático.

Algumas atitudes devem ser tomadas como a realização de um bom histórico médico e um completo exame clínico e radiográfico, bem como análise dos modelos montados no articulador.

Como vantagem deste procedimento temos:

a) Eles permitem uma visão geral dos dentes e das estruturas adjacentes, principalmente na região de segundos molares que comumente, são difíceis de se visualizar pela presença dos tecidos moles.

b) Os modelos de estudo permitem um exame da oclusão do paciente por uma vista lingual, a qual não pode ser visualizada clinicamente.

c) Provavelmente a maior vantagem dos modelos de estudo montados seja a possibilidade de se reproduzir os movimentos mandibulares sem a interferência do sistema neuro-muscular.

d) Muitas vezes, clinicamente, um paciente pode nos apresentar algum contato traumático. Os modelos de estudos ajudam no estabelecimento de um diagnóstico mais acurado. No entanto, a montagem deve ser muito bem feita para não aparecerem contatos que na verdade sejam inexistentes.

Conclusão

Conforme a literatura consultada, nota-se a importância dada pelos autores ao uso dos articuladores na prática odontológica.

O dentista não pode prescindir do uso do articulador na sua clínica, pois correrá o risco de realizar tratamentos que, ao invés de sanar os problemas, irão interferir na saúde mastigatória do paciente.

O mais importante é que o profissional escolha um articulador que lhe seja familiar, de fácil manuseio e que preencha as necessidades do tratamento de seus pacientes

Recomendamos aos profissionais que sigam corretamente as instruções do fabricante de cada aparelho , seja ele parcial ou totalmente ajustável, pois muitos insucessos na utilização destes aparelhos devem-se a tentativa de "diversificação" por parte do profissional daquilo que foi preconizado pelo fabricante.

Referências Bibliográficas

01- ASH, M.M & RAMFJORD, S.P - Articuladores ajustáveis. In:_ Introdução a Oclusão Funcional. São Paulo, Panamed editorial, 1987. p 81-93

02- ASH M.M. & RAMFJORD,S.P. Oclusão em dentística operatória e restauradora. In:_ Oclusão. 3ed, Rio de janeiro, Guanabara, 1987,p362-73

03- DAWSON, P.E. -Seleção de Instrumento para Reconstrução Oclusal . In:_ Avaliação, Diagnóstico e Tratamento dos Problemas Oclusais. São Paulo, Artes médicas, 1980, p 31-77

04- DYEMA, R.W.-Manejo de los articuladores.In:_ Ejercicio moderno la prótese parcial removible . Buenos, Mundi, 1970p. 31-77

05- GYSI, A. The problem of articulation , Dent. Cosmos, 52 (2): 148-69,feb. 1910

06- HICKEY, J.C. Anew articulator for use in teaching and general dentistry. J. prost. Dent., 18(5) 425-37,1967.

07- INSTRUCTIONS for use the dentatus articulatores, Estocolmo,1969

08- MANUAL de instruções: articulador Gnatus 8600, arco facial Gnatus Industria e Comércio Gnatus industria e comércio de Articuladores.

09- Nunes L.J- Princípio de oclusão e técnicas de encerramento progressivo de escultura. Rio de janeiro ,Guanabara Koogan,

10- Okeson, J.L - Guides for using the articulador. In:_ Diagnoses and Treatment Planning; Saint louis, Mosby 197, p. 284-293

11- PONTUAL, M.A. Importância das curvas de spee e wilson nas próteses odontológicas. Odontólogo Moderno ; 5: 7-13, 1983

12- POSSELT, U. Fisiologia de la oclusion dimensions and relations in oral prosthesis.J. Prosth. dent; 9(2): 220-36, mar/apr, 1959

13- TAMAKI, T. Articuladores .In _Dentaduras Completas , São Paulo ,sarvier.1979, p. 171-189.

14- VILLA, H. & Costa- Articuladores. México, 1952.

15- WALKER Z-The facial line angle in prosthect dentist Z-The facial line angle in prosthect dentistry. Dent Cosma (39): 789-800, 1897.




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