Em Portugal, é possível há já quatro anos escolher o sexo do bebé. Mas, mesmo sem uma lei que proíba estes bebés "à la carte", os profissionais recusam esta prática, a não ser em caso de grave doença hereditária.
Foi há precisamente quatro anos que o médico Alberto Barros introduziu em Portugal o diagnóstico genético de pré-implantação, um método de diagnóstico embrionário de doenças genéticas, como a hemofilia e a "doença dos pezinhos".
Graças a este diagnóstico, os embriões identificados como portadores dessas doenças já não são transferidos para o útero.
Uma técnica que implica, portanto, a identificação do sexo do embrião e que pode ser utilizada para escolher previamente se a criança será menino ou menina.
Além do Centro de Genética de Alberto Barros - geneticista que dirige igualmente o serviço de genética da Faculdade de Medicina do Porto - existem apenas cerca de vinte centros em todo o mundo. Pelo consultório de Alberto Barros passaram já centenas de casais com problemas de fertilidade, alguns dos quais foram pais graças às técnicas de procriação medicamente assistida.
A estes casais o que interessa é ter um filho com a ajuda da ciência, pelo que não são eles os que solicitam a pré-definição do sexo da criança. Mas há quem o faça.
E ao longo destes últimos anos, segundo Alberto Barros revelou, foram já vários os casais que o abordaram no sentido de "fazer" um filho de determinado sexo. "São casais que já têm vários filhos de um sexo e, por isso, não querem arriscar voltar a ser pais de uma criança do mesmo sexo", explicou.
Capricho Pouco ético
Alberto Barros sempre recusou os pedidos de casais com vista à "fabricação" de meninas ou meninos, por não considerar "ético" a pré-determinação do sexo de um ser vivo. E já o fazia mesmo antes de Portugal ter ratificado, no início de 2001, a Convenção de Oviedo, um documento que prevê a negação desse capricho.
in O Primeiro de Janeiro
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